Medicina na Amazônia
23 / Setembro / 2022
Quatro estudantes do curso de Medicina da Universidade Potiguar (UnP), em Natal, já embarcaram para a região Norte, onde vão participar da expedição inaugural do Projeto Missão Amazônia, entre os dias 24 de setembro e 8 de outubro. A iniciativa inédita é da Inspirali, vertical de Medicina da Ânima Educação, grupo do qual a UnP faz parte.
Os potiguares Marianne Rego, Murilo Simplício, Raquel Pessoa e Sara Tomaz vão se somar a outros 26 estudantes de outras cinco escolas de Medicina do grupo, supervisionados por 10 professores, para oferecer atendimento médico in loco e via telemedicina para mais de 10 comunidades ribeirinhas, situadas nos municípios de Santarém, Aveiro e Belterra, no Pará.
As expedições ocorrerão de maneira contínua e já estão incorporadas como atividade prática e de extensão universitária ao currículo do curso. Para 2023, já estão previstas seis novas incursões na região. Essa primeira expedição pretende fazer até 3 mil atendimentos em 15 dias. O objetivo, além de levar atendimento e orientação médica aos moradores da região, é proporcionar aos alunos uma abordagem humanizada da Medicina.
“Nosso propósito é formar médicos com pensamento crítico e reflexivo, preocupados com as necessidades de comunidades menos favorecidas, que possam olhar para todo o contexto e serem capazes de propor soluções. Será um resgate da medicina humanitária a partir de uma conexão da medicina ‘antiga’ com a moderna”, diz a Profa. Dra. Lena Peres, diretora de Formação e Desenvolvimento Docente da Inspirali e uma das líderes da expedição. A conexão a que a professora se refere se traduzirá na combinação de abordagens modernas, como a telemedicina, à conhecimentos da realidade amazônica, como fitoterapia, cuidados quanto a animais peçonhentos e práticas educativas locais.
Os estudantes foram selecionados dentre o contingente dos que estão nos últimos anos da graduação em Medicina nas instituições Universidade Potiguar/UnP (RN); Universidade Salvador/Unifacs (BA); Centro Universitário de Belo Horizonte/UniBH (MG); Universidade São Judas (SP); Universidade Anhembi Morumbi (SP) e Universidade do Sul de Santa Catarina/UniSul (SC). Trazendo na bagagem as mais diversas experiências de vida, o preparo prévio dos estudantes para a missão é composto por um processo de capacitação, que inclui orientações gerais referentes ao fluxo da missão e também à segurança, documentação e preparo psicológico. As atividades durante a missão envolverão grupos de alunos oriundos da mesma instituição e também times formados por estudantes de instituições diferentes, a fim de proporcionar o máximo possível de troca de experiências e aprendizado. Na volta às suas respectivas cidades-natais, os alunos participarão de várias atividades para transmitir aos colegas os aprendizados resultantes do projeto.
Além das seis escolas que enviarão alunos ao Pará, as demais oito instituições da Inspirali que oferecem graduação em Medicina terão envolvimento no projeto, com atendimento via telemedicina e troca de informações entre alunos e professores para diagnósticos e definição de condutas. Os atendimentos incluirão consultas, exames e pequenas cirurgias.
O barco-hospital Abaré, a bordo do qual a expedição navegará pelo rio Tapajós, possui estrutura para atendimento clínico e odontológico: são quatro consultórios, sala para pequenas cirurgias e estrutura de laboratório para análises clínicas e radiografias, além de acomodações para os integrantes da missão. A embarcação, de baixo calado, é própria para navegar em rios mais rasos, o que lhe permite chegar a mais comunidades, e será utilizada em todas as expedições do projeto. A Prefeitura de Belterra destacará uma equipe de estratégia de saúde da família para também participar da expedição, propiciando a atuação conjunta dos profissionais locais com estudantes e professores da Inspirali.
O Projeto Missão Amazônia abrange premissas surgidas a partir do advento da pandemia de Covid-19, como a necessidade da Saúde Única, abordagem que prevê a associação das saúdes humana, animal e ambiental de forma indissociável, com soluções analisadas de forma conjunta. “A busca do equilíbrio entre essas três frentes é o que permitirá que, por exemplo, a comunidade médica possa tentar evitar a ocorrência de outras pandemias”, explica a Profa. Dra. Lena.
O projeto também tratará da questão da mortalidade infantil. Belterra, cidade que fica a mais de 700 km de Belém, a capital paraense, tem hoje um dos mais altos índices neste aspecto: 19,1 óbitos a cada 1 mil nascidos vivos (no Brasil, são 12 por 1 mil). A expedição levará orientações aos moradores e ações básicas de prevenção e promoção da saúde, de maneira a contribuir para a redução do índice.
“Na Inspirali, somos uma organização com 14 cursos de Medicina, 1,5 mil professores e 13 mil alunos e temos a obrigação de cumprir o nosso propósito, que é o de transformar o Brasil e a saúde pela educação. A Missão Amazônia é um projeto do tamanho do nosso propósito. Queremos ajudar a mudar indicadores de saúde, como o de mortalidade infantil, e impactar de alguma forma a melhora da saúde da população local, reforçando os espaços organizados pelo Sistema Único de Saúde”, diz o Prof. Dr. José Lúcio Machado, diretor médico da Inspirali, que também participará em parte da expedição.
Além dele, o CEO da Inspirali, Guilherme Soárez, e o presidente do conselho de administração da Ânima Educação, Daniel Castanho, estarão em Belterra para acompanhar parte das atividades e planejar junto com a autoridades locais as ações das novas expedições que serão realizadas a partir do início de 2023.